quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

O CONHECIMENTO CIENTÍFICO

ANO LETIVO 2023 - ENSINO MÉDIO INTEGRAL (TI) NO NOVO ENSINO MÉDIO

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR - BIOLOGIA
OBJETO DO CONHECIMENTO - O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 

Método científico

O método científico é um conjunto de etapas, normas e técnicas empregadas para validar um estudo técnico, contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento científico.
O método científico é um conjunto de etapas que deve ser seguido para que um estudo seja considerado científico. É o método científico que valida uma pesquisa como um conhecimento verdadeiro, livre de conceitos prévios ou subjetividade dos pesquisadores.

As etapas do método científico envolvem:

observação;
questionamento;
construção de hipóteses;
experimentação;
análise das hipóteses;
conclusão.

A partir da aplicação do método científico são formuladas leis, postulados ou teorias científicas.

Resumo sobre o método científico

O método científico é um procedimento sistemático de investigação que tem a função de validar um estudo científico.
Orienta como uma pesquisa científica deve ser conduzida.
É composto por etapas que envolvem a observação de um fenômeno, a formulação de perguntas e hipóteses, a experimentação, o teste das hipóteses e a conclusão.
Um conhecimento apenas se torna de caráter científico após ter passado pelo método científico.
A aplicação do método científico garante a validade e a confiabilidade de uma pesquisa.

O que é método científico?
O método científico é um procedimento sistemático de investigação, formado por normas e técnicas que atuam como ferramentas para a validação de um estudo científico.

Funcionando como um “guia” que orienta como o estudo científico deve ser conduzido, o método científico indica as perguntas que devem ser feitas ao longo da pesquisa e encaminha de forma lógica as possíveis descobertas e interpretações científicas.

A aplicação do método científico em uma pesquisa garante que seus dados, resultados e interpretações serão livres da subjetividade do pesquisador.

Quais são os tipos de método científico?
Há diferentes formas de empregar o método científico, a depender da ordem em que as suas etapas são aplicadas, bem como das peculiaridades da área da ciência de estudo. Por exemplo, na área da Química, Física e Biologia o método experimental é bastante comum, porém na área da Filosofia o método dialético pode ser mais vantajoso.

Os tipos de método científico são:

Método indutivo – envolve a observação de fenômenos específicos, seguida da comparação dos resultados, buscando algum tipo de correlação para que seja construída uma generalização.
Exemplo:

Observação 1: Vacas da espécie A que vivem no Brasil possuem leite com teor de gordura de 4%.
Observação 2: Vacas da espécie B que vivem no Brasil possuem leite com teor de gordura de 4%.
Observação 3: Vacas da espécie C que vivem no Brasil possuem leite com teor de gordura de 4%.
Observação 4: Vacas da espécie G que vivem na Argentina possuem leite com teor de gordura de 3%.
Conclusão: As vacas das espécies A, B e C vivem no Brasil, logo todas as vacas que vivem no Brasil possuem leite com teor de gordura de 4%.

Método dedutivo: aplica o raciocínio lógico (dedução) para se alcançar conclusões específicas por meio de suposições gerais.
Exemplo:

Todas as vacas que vivem no Brasil possuem leite com teor de 4%.

As vacas da espécie A vivem no Brasil.

Logo, as vacas da espécie A possuem leite com teor de 4%.

Método hipotético-dedutivo: aplicado quando o conjunto de informações disponíveis não é o suficiente para explicar um fenômeno. Nesse caso, é necessário trabalhar com hipóteses, que nada mais são do que possíveis explicações para o que se discute. A hipótese é posta à prova frente a vários testes e se mantém como verdadeira até que algum teste a invalide ou a rejeite. Quanto maior o número de validações da hipótese, maior a sua proximidade com a realidade.

Método dialético: baseado em diálogo, debates e argumentação. É composto por três partes: tese, antítese e síntese. A tese se refere ao argumento ou à ideia defendida. A antítese é o argumento que se opõe à tese e atua como uma “provocação”. Por fim, a síntese é a conclusão e a união entre aspectos verdadeiros da tese e da antítese. Essa abordagem de construção de conhecimento científico é bastante explorada nas Ciências Sociais.

Método estatístico: aplica ferramentas estatísticas para a investigação de um fenômeno. Os dados disponíveis são organizados, analisados e interpretados de forma quantitativa, com base em um tratamento estatístico-matemático. Esse método fornece dados numéricos para a probabilidade de acerto e margem de erro dos resultados obtidos.

Método comparativo: empregado por meio da análise de um ou mais fatos/fenômenos envolvidos, considerando as suas similaridades e suas diferenças. Esse método é utilizado em diversos segmentos, como a Química, a Filosofia, a Psicologia, entre outros.

Método experimental: nesse método, o objeto/fenômeno estudado é submetido a diferentes condições controladas, analisando-se o impacto gerado ao sistema. Essa abordagem é muito empregada na Química, na Física, na Biologia e nas áreas farmacêutica e médica.

Etapas do método científico

O método científico existe para auxiliar na construção do conhecimento científico, que se desenvolve a partir do surgimento de questionamentos ou de problemas a serem resolvidos.

Para isso, existe um conjunto de ações ou etapas que devem ser seguidas para que o referido problema ou pergunta seja resolvido. A aplicação desse método sistemático garante que os testes sejam repetidos por pesquisadores diferentes e que se obtenham os mesmos resultados esperados.

As etapas do método científico são: observação, questionamento, formulação de hipótese, realização de experimentos, aceitação/rejeição das hipóteses e conclusão.

Observação: envolve a coleta de informações qualitativas ou quantitativas sobre o fenômeno. O pesquisador deve olhar para o que precisa ser respondido e buscar mais informações sobre a situação.

Questionamento: são construídas perguntas que podem ajudar a explicar o fenômeno, resolver a questão em estudo ou encontrar possíveis razões que ocasionaram a situação-problema. Alguns exemplos de questionamento são: “Por que esse fenômeno ocorre?”, “Quais os fatores que podem influenciá-lo?”, “Como é possível descrevê-lo?”.

Formulação de hipótese: são elaboradas possíveis respostas ou soluções aos questionamentos propostos na etapa anterior. As hipóteses são consideradas válidas até que algum teste ou indício seja suficiente para invalidá-la.

Experimentação: o sistema em estudo é avaliado sob diferentes condições. Também são verificadas as condições para que um determinado experimento possa ser reproduzido. Nessa fase, as hipóteses formuladas são testadas.

Análise das hipóteses: envolve o julgamento das hipóteses, podendo estas serem rejeitadas, mantidas ou modificadas. Para a hipótese ser aceita como verdadeira, os resultados obtidos devem coincidir com o resultado esperado, de acordo com a hipótese proposta.

Conclusão: todos os dados obtidos e hipóteses testadas são agrupados para que se construa uma explicação, um princípio, uma teoria ou uma lei que seja útil para contribuir como conhecimento científico.

Na ciência, os princípios são uma abordagem geral de fenômenos que se repetem em diversos sistemas. As leis são relações entre as grandezas envolvidas e surgem por meio da experimentação. As teorias explicam fatos observáveis com base em um conjunto de leis e regras, permitindo a realização de previsões sobre fenômenos.

Exemplos de método científico

Um dos exemplos mais clássicos de aplicação do método científico foi a descoberta do medicamento penicilina. O cientista Alexander Fleming estudava colônias de bactérias Staphylococcus aureus. Em determinada ocasião, verificou que algumas amostras já abandonadas haviam sido recobertas por uma espécie de mofo causado pela presença de fungos, causando a morte das bactérias de estudo.

Mais tarde, partindo dessa observação, os cientistas Howard Florey e Ernst Chain formularam questionamentos e hipóteses e em seguida as testaram em experimentos científicos. Nesses testes, isolaram e estudaram o fungo e, mais tarde, o testaram em ferimentos dos soldados na Segunda Guerra Mundial. Hoje, a penicilina é um dos antibióticos mais importantes da Medicina.

Método científico na Filosofia

A Filosofia é uma área de estudo da ciência ampla que engloba reflexões sobre questões fundamentais da vida, da individualidade, do modo de funcionar da sociedade, da política, entre tantas outras. Por tratar de questões sensíveis e até íntimas, a área da Filosofia acaba se entrelaçando com questões éticas, morais, religiosas, de crenças e culturais.

O método científico na Filosofia é importante para diferenciar os saberes científicos (ciência) daqueles não científicos. Os saberes não científicos envolvem crenças culturais e locais, questões de religião, conceitos pré-formados sobre determinado assunto. Assim, os saberes não científicos podem ser classificados como “senso comum”, que se difere totalmente do conhecimento científico dentro da Filosofia.

As etapas adotadas no método científico direcionam pesquisas e estudos dentro da área da Filosofia, buscando resultados científicos idôneos.

René Descartes, famoso filósofo francês que viveu no século XVII, foi o primeiro cientista a propor um modelo sistemático para guiar o raciocínio humano na busca da verdade do conhecimento baseado na lógica matemática, uma vez que essa ciência é, a princípio, exata, certa e ausente de dúvidas.

Em 1637, Descartes publicou a primeira edição do livro Discurso sobre o método, obra em que defende que o verdadeiro conhecimento apenas pode ser alcançado com o uso da razão, deixando de lado os sentidos e as sensações pessoais. O autor define no livro sua concepção sobre “ciência” e as etapas para a realização da prática científica, definindo os argumentos necessários para a distinção entre verdade e falsidade.

Método científico na Biologia

Na área da Biologia, um dos exemplos mais representativos da aplicação e importância do método científico foi o trabalho de Charles Darwin no desenvolvimento da teoria da seleção natural.

Darwin, observando como as espécies evoluíram ao longo dos anos, formulando perguntas e testando hipóteses, concluiu que todos os seres vivos lutam pela sua sobrevivência, e o meio seria o responsável por selecionar aqueles mais aptos a permanecerem vivos. A seleção do meio, chamada de seleção natural, consideraria diversas características dos seres vivos que favoreceriam sua sobrevivência, tal como os aspectos físicos. Como são os indivíduos que sobrevivem que possuem tais características, elas são repassadas aos seus descendentes, perpetuando-se ao longo das gerações.

A teoria da seleção natural é um dos principais mecanismos que explica a evolução das espécies e foi construída considerando as etapas do método científico, seguindo um raciocínio dedutivo.

Nesse tipo de método científico, parte-se de um pensamento geral ― nesse caso, a luta pela sobrevivência ― para alcançar conclusões específicas para cada espécie, que seriam quais caraterísticas específicas de cada uma promoveram sua sobrevivência.

Importância do método científico
As pesquisas científicas são de extrema importância para o desenvolvimento da humanidade e na resolução de problemas. Para que uma pesquisa ou um estudo sejam considerados científicos, eles precisam seguir uma série de procedimentos de validação, sendo um deles o método científico.

O uso do método científico garante a validade de um estudo e a confiabilidade de seus dados e métodos empregados, protegendo-o das intenções e subjetividades do próprio pesquisador. Ou seja, é a aplicação do método científico em um estudo que o torna válido e confiável.

REPOSTAGEM EXTRAÍDA DE:
LIMA, Ana Luiza Lorenzen. "Método científico"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/metodo-cientifico.htm. Acesso em 23 de fevereiro de 2023.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Podcast Com Ciência Narrativa

    Que tal aprender ciências de um jeito simples e interessante? Essa é a proposta do podcast “com ciência narrativa”, uma iniciativa do Instituto de Educação Matemática e Científica da UFPA (IEMCI). Vem conferir mais na nossa matéria: Ouça o podcast: https://apptuts.bio/comciencianarrativa

Fonte: Academia Amazônia presente na plataforma da You tube cujo link é https://www.youtube.com/channel/UC_OmoFuAYIFBVKJCyAuk0qw.

 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Repassando: Projeto de inserção de meninas na ciência é finalista de prêmio nacional

Projeto de inserção de meninas na ciência é finalista de prêmio nacionalCoordenação de Comunicação Social do CNPq (Ter, 13 Out 2020)Fonte: http://cnpq.br/web/guest/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/12972891

O projeto "Reflorestamento usando minifoguetes", realizado por adolescentes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Agrícola Estadual Adroaldo Augusto Colombo, da cidade de Palotina, oeste do Paraná, é um dos dez finalistas do Prêmio Respostas para o Amanhã, instituído pela Samsung. O anúncio dos projetos finalistas foi feito na semana passada, 7 de outubro, e o resultado final será anunciado em novembro. O projeto foi desenvolvido no âmbito do Rocket Girls: Meninas na Astronomia e na Astronáutica, proposta financiada pela Chamada CNPq/MCTI nº 31/2018 - Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação, sob a coordenação da professora Mara Fernanda Parisoto, do Departamento de Engenharia e Exatas, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A idéia do minifoguete para auxiliar o reflorestamento da região foi posta em prática por três alunas do Colégio Agrícola Estadual Adroaldo Augusto Colombo, de Palotina, com orientação do professor Emmanuel Zullo Godinho e o acompanhamento da professora Mara Fernanda. As estudantes do 1º ano do Ensino Médio, de 14 e 15 anos, fizeram um protótipo com cano de PVC, ao custo de R$ 50. A intenção do grupo era produzir algo barato e efetivo. Assim, o trabalho poderia ser disseminado para ajudar o meio ambiente em outras cidades e países. O minifoguete utiliza combustível sólido, como pilhas, e sobe até 300 metros. A peça com as sementes se desencaixa no ar e desce até o solo, lançando as sementes e contribuindo, assim, para reflorestar áreas de difícil acesso.


Minifoguete leva sementes a áreas de difícil acesso - Foto: arquivo pessoal/UFPR

As estudantes pensaram no projeto depois que um incêndio atingiu o Parque Nacional da Ilha Grande, noroeste do Paraná, em 2019. O fogo destruiu mais de 60% de área de preservação ambiental. Uma das estudantes responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, Estephany Cristine da Silva Alves, de 15 anos, conta que ficou agoniada de ver a reserva queimar. "Agora, saber que há esperança, que podemos melhorar e a floresta pode ter um novo começo foram os motivos que me atraíram para esse projeto", afirma ela. A equipe pesquisou quais eram as plantas nativas da região do Parque Nacional da Ilha Grande, onde o protótipo será lançado, e definiu que o minifoguete soltará sementes de pitanga e de ipê branco. A pitanga tem potencial para atrair animais. O ipê, por sua vez, é árvore de fácil germinação e pode criar um microclima para o desenvolvimento de outras plantas. O estudo parte do princípio de germinação como ocorre nas situações em que passarinhos soltam sementes enquanto voam. Além de Estephany, participaram da experiência Marina Grokorriski e Kawany Caroline Duarte da Rocha.


 Estephany, Marina e Kawany participam do projeto Meninas nas Ciências - Foto: CAEAAC/UFPR

Para o professor Emmanuel Godinho, o estímulo à pesquisa ajudou a expandir os horizontes das alunas. "Sou professor, da área da pesquisa, e essa pandemia está provando para todos que a pesquisa é fundamental. Além disso, quando vejo essas crianças pegando gosto nisso, descobrindo, fico pensando o quanto isso é importante para elas pensarem fora da caixinha", diz ele. Para a aluna Estephany, participar do projeto foi uma oportunidade para ela considerar outros caminhos para a carreira profissional. "É uma grande conquista ter um projeto desse com estudantes mulheres. Vemos que estamos ganhando espaço em um lugar que é predominantemente de homens, isso é muito bom", completa ela.

Para a professora Mara Parisoto, coordenadora do Rocket Girls, a seleção do projeto do minifoguete em um prêmio como o promovido pela Samsung é importante porque ressalta o papel das meninas nas ciências e incentiva o ingresso de número crescente de mulheres nas carreiras científicas. A professora salienta também o papel social do desenvolvimento do projeto, que aproximou muito a universidade da escola e também permitiu que mais meninas se identificassem com aquelas envolvidas no projeto premiado. "Sem o investimento do CNPq nada disso seria possível. Com os recursos, a gente fez o foguete, a gente fez os propelentes. Sem o auxilio do CNPq a gente não teria conseguido esses resultados tão bons", completa a professora.

O projeto do minifoguete foi o único do Paraná a ser escolhido entre 1,7 mil trabalhos concorrentes ao prêmio Respostas para o Amanhã, da Samsung. O prêmio se encontra em sua 7ª edição, tem abrangência nacional e tem como propósito o estímulo e a divulgação de projetos de pesquisa científica tecnológica desenvolvido por estudantes do Ensino Médio de escolas públicas. O objetivo é o de contribuir para a formação desses alunos, de modo que eles considerem  carreiras científicas como possíveis projetos de vida. Cada estudante das 10 equipes finalistas será contemplado com um Notebook Samsung. O professor orientador ganhará um Smartwatch Samsung.

O projeto

Contemplado pela iniciativa do CNPq de estimular meninas para o interesse em áreas de exatas, computação e engenharias, o Rocket Girls foi criado com o objetivo, ainda, de inserção social de meninas em situação de vulnerabilidade psicossocial e imigrantes em atividades que envolvam o uso, a produção e a difusão da Ciência e Tecnologia, além da a orientação dessas meninas nas atividades de pesquisa na área de Astronomia e Astronáutica, com projetos voltados para a construção de minifoguetes. O projeto também visa à aproximação das famílias com a escola, por meio da inserção de mulheres da comunidade escolar nas equipes de construção dos minifoguetes.

A iniciativa é voltada para estudantes de escolas públicas com maiores índices de evasão na cidade de Palotina e tem a intenção de voltar o interesse das alunas para as carreiras científicas.

Duas das metas iniciais da proposta do Rocket Girls eram a de se atingir pelo menos 50% de aprovação das meninas participantes do projeto em vestibulares nas áreas de Ciência e Tecnologia e a de reduzir, de forma significativa, a reprovação e a evasão das estudantes envolvidas no projeto.

A proposta recebeu do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) auxílio financeiro global no valor de R$ 25 mil e bolsas nas modalidades Iniciação Científica (IC) e Iniciação Científica Júnior (ICJ). 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Repassando: O espaço é aqui. O tempo é agora.

 O Planetário como espaço de ensino de Ciências

Os estagiários do CCPP propõem aos visitantes um conteúdo educacional em novos e dinâmicos formatos.
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Por Flávia Rocha Foto Acervo da Pesquisa

A vida em sociedade proporciona a todos os indivíduos um espaço de aprendizagem constante. Os conhecimentos adquiridos por meio de vivências constroem e moldam identidades e visões de mundo. Essas informações são aprendidas na escola, nos museus, por meio dos jogos de tabuleiro, até mesmo nas receitas caseiras que são passadas de pais para filhos.

Segundo o Ministério da Educação, há educação formal, não formal e informal. A educação formal acontece dentro de espaços institucionalizados, como escolas e universidades, e possui formação progressiva e avaliação anual de acordo com as diretrizes estabelecidas. É fiscalizada por órgãos superiores e possui uma hierarquia, com o professor no centro.

A educação não formal ocorre dentro de espaços específicos. Há os que são institucionalizados, isto é, possuem uma gestão por trás, como os museus. Há também os não institucionalizados, como praças, parques e bosques. Eles têm um responsável, que é a prefeitura, mas não têm nenhuma gestão pedagógica. Diferentemente do espaço formal, aqui todos podem participar, não há avaliações, e as atividades são mais flexíveis e dinâmicas.

Por sua vez, na educação informal, os conhecimentos não são sistematizados. Eles são transmitidos por meio de experiências e práticas vividas. Os agentes educadores são a família, os amigos, os vizinhos, os colegas da escola, o grupo religioso, os meios de comunicação em massa, entre outros.

Cada vez mais, essas modalidades se misturam, especialmente no ensino básico. “Em uma era em que a informação é abundante, novas formas de adquirir conhecimento afloram e invadem as salas de aula. Novos espaços são vistos como educativos, suas estruturas são repensadas para um público maior ou mais específico”, afirma o professor de Biologia Endell Menezes de Oliveira. Em sua dissertação O espaço não formal e o ensino de ciências: um estudo de caso no Centro de Ciências e Planetário do Pará, Endell buscou entender como ocorre o ensino de Ciências em um local de educação não formal.

Discursos estão alinhados com o modelo formal 

Para a pesquisa, foram entrevistados oito estagiários do Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPP). Todos acadêmicos de cursos de Licenciatura em Biologia, Física, Química e Ciências Naturais, vinculados ao Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). “Esses sujeitos foram escolhidos por serem a ‘imagem’ do Planetário, aqueles com acesso direto e maior interação com o público. Eles desenvolvem, diariamente, as principais atividades educacionais do espaço”, justifica o professor.

Fonte:https://www.beiradorio.ufpa.br/index.php/component/content/article?id=433

terça-feira, 28 de julho de 2020

Repassando: EDNA CASTRO É A MAIS NOVA PROFESSORA EMÉRITA DA UFPA

EDNA CASTRO É A MAIS NOVA PROFESSORA EMÉRITA DA UFPA 

Socióloga pela Universidade Federal do Pará, Edna Castro é umas das mais importantes cientistas da Amazônia e do Brasil. Sua trajetória prolífica demonstra sua fundamental participação em diversas ações e acontecimentos na história recente dessa região, uma atuação com características marcantes. Essa produção cientifica de vanguarda iniciou com seus estudos sobre as condições de trabalho nas empresas e indústrias da região, em Belém e Manaus, os grandes centros. Esse tema está presente desde a entrada de Edna no Curso Internacional de Formação de Especialistas em Áreas Amazônicas - FIPAM, curso que dá origem ao Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará, Núcleo onde atualmente é professora e que ajudou a consolidar como um dos principais Institutos do norte do Brasil. A temática será ainda esmiuçada e debatida densamente em seu mestrado e seu doutorado, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, França.
Não obstante lançar seu olhar meticuloso para as relações de trabalho na Amazônia, construindo importante pensamento sobre e com os trabalhadores, Edna avançará para novamente encontrar as populações mais vulneráveis ali presentes, como as comunidades tradicionais e quilombolas e seu livro com Rosa Acevedo “Os Negros do Trombetas” é um marco nas ciências sociais, valendo-se de categorias científicas até então não tão usadas como o conceito de territorialidade, além de evidenciar os recursos identitários e de memória social do grupo, bem como os conflitos sociais frente a empresas mineradoras. Essa trajetória resvalou obviamente no principal agente causador de transformações rápidas e profundas nas relações socioambientais da Amazônia, naquele momento o estado, a partir de políticas públicas controversas e com empresas públicas e instituições atuantes na exploração do que se convencionou chamar de Grandes Projetos, desenvolvimentistas, em diversas searas da exploração econômica do grande capital, na mineração, nas grandes obras infraestruturas como as hidrelétricas e sistemas viários. Esse estado era representado à época pela ditadura militar, regime que durou de 1964 a 1985, e atuava em parceria com grandes corporações internacionais franqueadas para exploração de, por exemplo, minério na Amazônia.
Interpelando esse poderoso agente social, Edna coordenaria e lançaria uma série de estudos, entre eles o livro “Industrialização e Grandes Projetos: Desorganização e Reorganização do Espaço”. Publicou ainda os importantes compêndios sobre desenvolvimento na Amazônia: “Faces do Trópico Úmido: Conceitos e Questões sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente”, “Energia na Amazônia: Vol. I e II”, e “Sociedade, território e conflitos: BR-163 em questão”. Retornaria ao tema das populações amazônicas em “No caminho de pedras de Abacatal: experiência social de grupos negros no Pará”, e entraria por novos meandros das transformações sociais da região, que vai se tornando cada vez mais urbana, em que pese o permanente ambiente de floresta, fortemente ameaçado pelo desmatamento. Assim surgem “Belém de Águas e Ilhas” e “Cidades na Floresta”, que tratam das cidades da região de maneira inédita, coletando estudos que percorrem o tema com olhares mais tradicionais e outros estudos mais inovadores para pensar as cidades em região tão ímpar.
As temáticas diversas encontradas pelos estudos e olhares de Edna demonstram sua principal preocupação: os desdobramentos do desenvolvimento em sociedades com características especificas, por isso mesmo recorre mais uma vez a pensamentos vanguardistas para olhar a Amazônia, como as teorias decoloniais tão necessárias atualmente para a América Latina e para o Brasil, sendo sua produção antecipadora desse debate.
Ainda trilhou os caminhos do audiovisual em produções cinematográficas de destaque e premiadas como os filmes “Maria das Castanhas” e “Fronteira Carajás”.
Em todos esses casos Edna demonstra a preocupação de nunca se acomodar nas suas análises do contexto social sobre o qual lança seu olhar de pesquisadora, introduzindo novas teorias e categorias científicas para a compreensão da Amazônia, e sabendo exatamente o seu lugar e a sua tarefa, sem demonstrar indiferença sobre as questões que realmente importam, e é exatamente isso que faz uma grande cientista, uma grande pesquisadora, a capacidade de entender o contexto, entender que os processos desenvolvimentistas nunca são técnicos, e sim políticos. Assim é possível definir que sua produção é incontornável para a solidificação de um pensamento crítico latino-americano e amazônico, que está em permanente construção, na sua produção de mais de mais de 230 artigos, livros e capítulos de livro.
Além de todos esses atributos ainda achou tempo para ser professora visitante da Universidade de Québec à Montreal, no Canadá, na Universidade de Brasília e na Université Le Havre, França. Coordenou o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, do NAEA, além de ter sido diretora do NAEA por longos períodos. Foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR) além de diretora na Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS), na Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Continua professora titular permanente do NAEA, atuando no mestrado e doutorado, tendo formado uma grande quantidade de pesquisadores e pesquisadoras, espalhadas pelo mundo. Quanto à Amazônia, os desastres continuam acontecendo, agora mais danosos, os projetos desenvolvimentistas continuam sua saga impactante, e a situação atual do Brasil é uma das mais críticas no que se refere à proteção do meio ambiente e das populações mais vulneráveis. Os índices de desmatamento são atualmente alarmantes, em que pese os avanços da primeira década do século XXI. Dessa forma seus problemas de investigação nunca deixaram de existir e seu pensamento se faz cada dia mais necessário.
O título de Professora Emérita foi definido na reunião do Conselho Universitário de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Universidade Federal do Pará (UFPA) de 23 de julho de 2020.
Silvio Lima Figueiredo
Julho de 2020