quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A miopia através dos óculos da cultura digital e da meta estatística do IDEB em 2022

         A BNCC propõe ao educador brasileiro que a cultura digital vem promovendo na contemporaneidade mudanças sociais significativas (BRASIL, 2017).

         E o que é essa tal cultura? Em princípio, a informação mais acessível e tecnologias em constantes atualizações por meio de comunicações multimídias digitalizadas e computadorizadas entre os seres humanos, numa rede que passou a se chamar de ciberespaço, são inegavelmente vistas como positivas nos processos de ensino-aprendizagem. Resumidamente, e categorizando o complexo, usa-se a expressão Tecnologias da Comunicação e Informação Digital (TICD) como protagonista do ser denominado cibercultural. Tem-se, então, a cibercultura com suas práticas sociais virtualizadas. Mas, antes do deslumbre tecnologizador, deve-se ter bem claro que a tal cibercultura é protagonizada pela TICD computadorizada. Quer dizer, possui autor (s), geralmente do gênero masculino, eurocêntrico, com metas e objetivos, e atua no mundo real com práticas sociais concretas.
         E isto, numa visão bem crítica-estruturalista! Porém, microficamente falando em favor das comunidades diversas e específicas do Brasil na escola pública, e num recorte limitado que não deixe de antever as influências/contribuições orgânicas no âmbito global, o cibercidadão historicamente silenciado e marginalizado como "diferente cultural" terá condições de protagonizar efetivamente suas ações em buscas de melhorias em sua própria comunidade? Claro que não, pois a meta do Brasil é que em 2022 o/a estudante, mediante o IDEB atinja uma nota medial de 6,0! Esse fato legitimaria o nosso país como aquele de primeiro mundo, pois essa média é a mesma dos países propalados como desenvolvidos. Percebe-se aí que não se quer saber se a estatística é míope para os conflitos e outras situações de relevância social. O interesse é numérico e não humano e solidário.
         É neste sentido que vejo que os Projetos Políticos Pedagógicos das nossas escolas devam possuir metas não apenas destinadas aos exames estatísticos governamentais, mas às realidades concretas comunitária e focando em problemas de relevância social.
          

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